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terça-feira, 21 de junho de 2016

Piloto do Mapapai estava ao telemóvel antes da colisão na baía de Maputo


Sobreviventes revelam que tripulação bateu insistentemente na embarcação para alertar Lázaro Chogongo sobre a direcção errada que estava a tomar. Mas o piloto não atendeu a solicitação.
Lázaro Chogongo estava ao telefone ao mesmo tempo que pilotava o “Mapapai 0”. Até podia ser hábito, mas naquela Sexta-feira (que nem era 13) a atitude foi fatal: matou uma pessoa e submeteu outras 31 a um pânico absoluto.

“Senti que morri”, lembra Dinis Elias, um dos passageiros que viajava a bordo da pequena embarcação que desde a década de 90 fazia a travessia Maputo-Catembe. Elias é abastecedor de combustível e regressava de mais uma jornada de trabalho. Optou pelo Mapapai para conseguir cumprir um compromisso as nove horas, atendendo que aquela embarcação leva menos tempo de viagem em relação aos ferryboats.

Passavam menos de 30 minutos das oito horas e no meio do canal o difícil aconteceu: a embarcação deixou a sua rota e foi contra o ferryboat Pfumu. “Só vi quando o barquinho estava a menos de um metro do embate. Um dos colegas do piloto já tinha alertado, mas ele não correspondeu. Os outros passageiros dizem que ele tinha auriculares e estava ao telemóvel”, revela Dinis.

Após a colisão, todos os passageiros e tripulação tenderam para o mesmo lado e a embarcação virou. Seguiram-se seis minutos de total pânico e desespero. Dinis Elias aparece nas primeiras imagens captadas pelos passageiros do ferryboat, ajudando outras vítimas a subir para a embarcação virada. Os passageiros do “Pfumu” também em pânico assobiavam e gritavam por resgate. Houve quem chegou a chorar ao ver o cenário dramático.

Minutos depois chegou o socorro. A embarcação era da companhia que está a construir a ponte Maputo-Catembe. Dinis e os primeiros sobreviventes foram resgatados, mas outros passageiros estavam na cave do “Mapapai” e tiveram que permanecer na embarcação até que fosse puxada para margem. Nelsa Tembe estava no interior e guarda estórias dos 25 minutos de aflição. “Dentro do barquinho só tínhamos um pequeno espaço de ar e tínhamos que esforçar os pescoços para poder respirar”, lembra Tembe, que conta ainda que na tentativa de sair do barquinho os outros passageiros a pisavam com sapatos, tendendo a ir cada vez mais para o fundo do mar. Estavam a mais de 100 metros da margem da Catembe e a 15 metros de profundidade.

Os sobreviventes foram levados de emergência para o Centro de Saúde da Catembe e os mais graves para o Hospital Central de Maputo.

O Instituto Nacional da Marinha abriu uma investigação para esclarecer o caso.



O trágico dia em que Eliada arriscou em apanhar o Mapapai



Eliada Tembe foi uma das passageiras que naquela Sexta-feira esteve a bordo do Mapapai. Ela não costumava atravessar através das pequenas embarcações, mas o dia em que ariscou foi fatal. Quando chegou ao cais da Catembe já era dada como morta.

Cristina, de 17 anos, ainda tenta se conformar com a nova realidade. Vai ter de continuar a vida sem a mãe. “Foi muito chocante, quando me informaram. Não acreditei porque não gostava de apanhar aqueles barquinhos, vinha sempre de ferryboat”, diz a adolescente tímida e aparentemente fragilizada pela dor.

“Eu só vivia com ela e íamos juntos para quase todos os lugares, no mercado e nas festas de família”, diz a menina, lamentando a perda da pessoa que custeava os seus estudos. Cristiana frequenta a 10ª Classe na Escola Secundária da Catembe.

“Temos um vazio”, reclama a mãe da malograda. “É uma pessoa que a gente estava acostumada a conviver com ela, a rir com ela e de repente temos que nos conformar com as notícias que ela já não está entre nós? Não vamos conseguir”, desabafa.

Eliada Tembe era a filha mais velha de Argentina Ruco. Vivia no bairro Xalí, distrito da Catembe, e no dia da fatídica colisão regressava das compras para o seu negócio.

A família Tembe recebeu apoio da direcção da Companhia Mapapai para a aquisição da urna e as despesas do funeral. Outros sobreviventes foram compensados em dinheiro pelos bens que perderam no acidente após pedirem assistência ao Instituto de Patrocínio e Assistência Judiciária.



Embarcação estava superlotada e sem coletes de salvação



Imagens captadas logo após o acidente mostram passageiros sem coletes de salvação. Aliás, era pouco provável que as tivessem já que antes daquela Sexta-feira os utentes dos Mapapai faziam a travessia sem aquele requisito de segurança no corpo.

O Serviço Nacional de Salvação Pública esta foi um dos principais constrangimentos nas operações de salvação e diz mesmo que a embarcação não dispunha destes requisitos.

Entretanto, a Administração Marítima responsável pela fiscalização das condições de segurança das embarcações tem uma versão diferente. Diz que a embarcação dispunha de coletes, mas a tripulação cometeu o erro de não disponibilizar aos utentes após a colisão.

Outra fragilidade é que, segundo o número de resgatados a embarcação estava superlotada. O balanço apontou para 31 sobreviventes todos sem coletes de salvação, quando o Título de Propriedade do Mapapai, a que tivemos acesso, indica que o barco tem lotação máxima de 25 passageiros e dois tripulantes.

O documento refere ainda que o barco possui duas boias e 23 coletes de salvação, ou seja, mesmo considerando a hipótese de existência dos coletes, se os 31 passageiros tivessem usado, pelo menos oito ficariam sem.

Após a colisão, o uso de coletes passou a ser de carácter obrigatório para todos os passageiros e quem não os aceita é obrigado a abandonar a embarcação. Uma medida saudada pelos utentes, mas ao mesmo tempo criticada pelo facto de só chegar após a tragédia. Todos os dias, mais de 6 mil pessoas e 350 viaturas fazem a travessia Maputo-Catembe.

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