Não há dinheiro. Não se sabe ao certo se efectivamente todos os funcionários públicos terão os seus salários em Dezembro. É um desastre total. E zás, o Governo de Filipe Nyusi lançou um concurso público para os moçambicanos verem 156 milhões de dólares a serem gastos na Migração Digital.
Publcidade
Muitos moçambicanos morrem por falta de comida e de um sistema de saúde adequado. Nenhum deles morre (ou morreria) por não ver televisão ou ouvir rádio. O país está numa situação delicada em que falta quase tudo. E “deitamos” fora o dinheiro com Migração Digital?
A Migração Digital é necessária, sim. Mas peca no timing. A esta altura precisamos desse mesmo dinheiro para importarmos arroz, feijões, óleo, açúcar e tantos outros produtos que assegurem que a esmagadora maioria do povo moçambicano sobreviva até 2019 pelo menos para poder votar.
Eu, sinceramente, estou desagradado com esta notícia. E ainda há mais: anteriormente o mesmo negócio da Migração Digital foi adjudicada de forma directa à Startimes que, por sua vez, não conseguiu honrar com os compromissos. E nessa altura estavam envolvidos cerca de 300 milhões de dólares.
Publicidade by: Viriato Hermenegildo Ent
Devido ao incumprimento do contrato, o Governo de Filipe Nyusi lançou um concurso público. E a vencedora é…STarTimes. A mesma empresa que com um orçamento robusto não conseguiu nada. Será desta vez?
E a mim não me convence a explicação do Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique de que a StarTimes venceu o concurso de forma transparente. Meus caros, estamos num país em que a promiscuidade até parece já ter sido legislada.
A StarTimes tem capitais chineses e moçambicanos. Está lá a Valentina Guebuza, filha do então Presidente da República, Armando Guebuza. A Focus 21, holding da família Guebuza que detém os 15 por cento da StarTimes foi constituída em Maputo a 17 de Junho de 2010. Ou seja, a empresa foi constituída no mesmo dia na China o Governo moçambicano discutia a viabilização da Migração Digital. Coincidência? Duvido…
A StarTimes nasceu já sabendo que seria ela, só ela, à frente do negócio da Migração Digital. E os moçambicanos estão a ser imbecilizados. Estão a ser empobrecidos. É como se os sucessivos Governos da Frelimo tivessem como objectivo acabar com o povo moçambicano.
Ora são dívidas ocultas, tensão político-militar, corrupção desenfreada, compadrio. E tudo isto beneficia a nomenklatura política. O povo…sempre povo: hipotético patrão de um empregado que vive no luxo alheio ao drama da falta de quase tudo que aflige o seu patrão. E tufa: lá vão os 156 milhões de dólares encher o bolso de quem já tem tudo!!!!
Nini Satar
Nenhum comentário:
Postar um comentário